Para compreender o conceito de ideologia na teoria de Karl Marx, devemos ter claro que, na sociologia crítica, ao contrário do funcionalismo, parte-se do princípio de que o elemento fundador da sociedade é o trabalho. Em outras palavras, para sobreviver, o ser humano transforma a natureza que o cerca e cria os bens matérias que necessita. Assim, ao realizar trabalho, as pessoas passam a pensar e a desenvolver a consciência para, em seguida, se comunicar, trocar idéias através de uma linguagem. Nesse processo, passam a interpretar não só a sociedade em que vivem como também as suas atividades práticas. É nesse momento que se estabelecem as relações sociais.
Para Marx, a sociedade capitalista se fundamenta numa organização do trabalho que dá origem a classes sociais e em que os proprietários dos meios de produção exploram os não-proprietários. Essa visão de exploração nem sempre está presente na consciência das pessoas, porque aparecem certas idéias e valores que tentam esconder essa realidade.
Podemos afirmar então, que na sociedade capitalista existe a ideologia da imposição de valores da classe dominante, ou empresarial, como sendo a única visão correta da sociedade e a conseqüente tentativa de fazer com que a classe trabalhadora pense com valores da classe dominante.
Essa ideologia capitalista favorece a classe empresarial, pois a partir do momento em que ela consegue impor suas idéias, seus valores como sendo “os corretos” e, a parir do momento que os trabalhadores aceitam isso, fica bem mais fácil para os grupos dominadores manter sua exploração sobre o restante dos indivíduos da sociedade.
A base principal da Ideologia Marxista requer que, apesar de toda a exploração, o proletário una-se com os seus e faça de acordo com seus direitos, como explica o trecho de sua obra e de seu seguidor Friedrich Engels: “Manifesto do Partido Comunista” (1848):
“E como, já estávamos muito apegados à idéia de que ‘‘a emancipação dos trabalhadores deve ser obra da própria classe operária” [...] jamais nos passou pela cabeça repudia-lo.
“Proletários de todos os países uni-vos!”
Poucas foram as vozes que responderam, quando lançamos essas palavras ao mundo [...]. Mas, em 28 de setembro de 1864, proletários da maior parte da Europa Ocidental uniram-se para formar a Associação Internacional dos Trabalhadores, [...] o proletário da Europa e da América passa em revista suas forças combatentes mobilizadas pela primeira vez, mobilizadas em um único exército, sob uma única bandeira, para um único objetivo imediato: a regulamentação da jornada de trabalho de oito horas fixada legalmente e proclamada, [...]. O espetáculo do dia de hoje abrirá aos olhos dos capitalistas e aos proprietários de terra de todos os países para o fato de que hoje os proletários de todos os países estão efetivamente unidos.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário